O dia da velhinha marota

Quem me conhece sabe que tenho muitas histórias com velhinhas.

Normalmente sou anarquizado por elas. Noutras, tenho minha vingança.

Nesse dia em particular... Bem...

Óbvio que me ferrei. Na verdade... Mais do que isso.


Como sempre, era mais um dia comum.

Tinha meus 16 anos na época. Apenas um infante, carioca, no auge do meu black power. Estava voltando do meu colégio às 20h num calor extremamente desagradável de verão, catalizado pelo número de pessoas espremidas no famigerado 341 Taquara - Praça Mauá.

Por sinal, o 341 é um cenário recorrente em minhas histórias desgraçadas. Talvez seja um presságio do mal.

Talvez seja sinal que moro mal e que pessoas que moram mal normalmente se ferram.

Enfim. Teorizemos depois.

Nesse dia, como de costume, estava EXAUSTO devido à rotina de estudante juvenil que levava. Afinal, dormir nas aulas era muito cansativo e, principalmente, dormir nas aulas do colégio E do curso técnico realmente acabava com minhas energias. Era simplesmente desgastante tanta responsabilidade.

E, já meio dormindo meio acordado, percebi que uma velhinha sentou ao meu lado.

Uma velhinha comum. Daquelas que tem cheiro de talco, carrega um paninho, fica falando sozinha entre os dentes e de vez em quando estala a dentadura num assustador "PLÉCT".

Uma velhinha ordinária

"Meh, mais uma coroa" pensei. E voltei a dormir.

Então aconteceu.

Não lembro se estava sonhando ou se estava num sono profundo, mas me lembro da sensação bizarra de medo, pavor e vergonha que senti.

Eu não conseguia acreditar. Era simplesmente ridículo demais. De olhos fechados eu percebia o que tinha acontecido, mas não queria acreditar.

"Oh destino, de novo não..." pensava, chorando mentalmente.

Decidi abrir os olhos e encarar o que minha vida havia me reservado.

E, com esses olhinhos que a terra há de comer, eu vi.

Uma mãozinha pequenininha.
Cheia de talquinho e manchinhas.
Repousava na minha coxa.
Acariciando-me.
Devagar.
Beeeeeeeeeeeeeem devagar.

Era muita sacanagem. Literalmente.

No maior momento "Avenida Brasil" da minha vida, eu simplesmente congelei. Minha sinapses entraram em colapso, pois com certeza o pessoal que cuida do meu cérebro saiu correndo de pavor ou cometeu harakiri. Ao mesmo tempo eu não sabia se gritava, se vomitava, se pulava do banco ou se chorava em silêncio e deixava a pobre velhinha ter seu momento de prazer em paz.

Eu me senti sujo. Me senti usado.

Estarrecido, encarei a velhinha. Seu semblante de tranquilidade me deixava mais perturbado ainda, pois se assemelhava aos serial killers que matavam suas vítimas vagarosamente, admirando seu sofrimento, sem um pingo de humanidade.

Então o negócio ficou pior.

A mãozinha,
pequenininha,
geladinha,
que me acariciava na coxa.
Sem pressa,
na pontinha das unhas...
devagarzinho...
começou a subir.

SIM, a velhinha estava direcionando sua mão de encontro ao meu bilau.

E ela sorria o sorriso mais sem vergonha que já vi na vida.

Sua safada!!! Tarada!!!

Foi a gota d'água. Tinha que parar com essa palhaçada que estava se tornando o ato de me molestar.

Reuni toda minha coragem, determinação e quase como uma criança acuada falei:

- Err... Moça... Senhora... Você pode... Poderia... Por favor... Tirar a mão... Da minha... Perna?

Ela olhou para mim, e nossos olhares se encontraram.
Nunca me esquecerei daqueles olhos azuis. Gelados olhos azuis, cheios de desejo.

- Oh meu jovem, desculpe.... - Ela disse.

Não sem antes fechar com chave de ouro.

Olhou para mim, de cima a baixo.
Deu uma risadinha sem vergonha.
E, como toda boa canalha,
Mentiu. Mentiu rude.

- ... Achei que essa perna era a minha.

Desci do ônibus e fui andando pra casa.
Tomei um banho gelado.
Tentei dormir.
Não consegui.

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6 comentários

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Leon Dice
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19 de julho de 2013 às 00:45 delete

hahahahahhahahahahahahhhah

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Ehg Lima
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19 de julho de 2013 às 02:32 delete

Comentem para me ALEGRAR <3

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Maíra Mello
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19 de julho de 2013 às 18:24 delete

Eu estava lendo tudo em choque até a frase "Achei que essa perna era a minha."

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHA

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Gabi Ribeiro
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27 de dezembro de 2013 às 12:10 delete

fiquei com pena de ti, gabes. Tadinho rs

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Tay Ananias
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6 de janeiro de 2014 às 00:30 delete

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk PUTA Q PARIU, Q ESCROTO!!!

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5 de dezembro de 2014 às 00:49 delete

Cara... como sempre... passei rindo de ponta a ponta... que demais!

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Comente sem anarquizar, por favor. Aqui não é casa da mãe Joana. EmoticonEmoticon