O dia que o número 23 me amaldiçoou

Muitos de vocês já devem ter ouvido falar sobre a mística que envolve o Número 23. 

Afirmo que aproximadamente 90% foram graças ao homônimo filme de Jim Carrey.

Mas hoje vou adicionar alguns fatos interessantes que tornam esse número tão místico e mágico para alguns...

... e uma maldição para mim.



Durante alguns anos tive um pesadelo que me perseguiu.

Era noite, estava frio e eu não sei se tinha medo ou estava apenas apreensivo. Talvez ambos. Cautelosamente entrava num depósito velho de ferramentas. Poderia ser uma fábrica que há muito fora fechada, abandonada e deixada para que o tempo desse cabo dela.

O lugar estava vazio. Não havia sequer ratos ou aranhas. O ar era pesado de se respirar e uma camada de poeira cobria tudo que a vista alcançava.

Estava procurando alguém. Procurando por ela.

Encontrei-a depois de um tempo. Eu estava com o coração pulando pela boca, mas vê-la foi como mergulhar numa piscina depois de estar perdido no deserto.

Não conseguia ver seu rosto pois estava contra a luz. Mas sabia que havia algo errado pela maneira que ela me desprezava.

Ela era desprezível. Blasé. Não sei como eu sabia daquilo, mas eu sabia. Eu a conhecia. Eu a amava. E amava isso nela.

- Caramba, finalmente te encontrei meu amor – dizia, abraçando-a.

Sentia o perfume dela. O toque macio de sua pele, o cabelo fazendo cosquinha no meu nariz.

Meu Deus, quem é essa mulher?

E nesse momento eu sentia a lâmina direto abaixo da minha costela direita. Meus olhos se arregalavam. De dor. De medo. De decepção.

Sentia a dor da punhalada silenciosa.
Sentia o gosto de sangue na minha boca.
Sentia o frio da lâmina dentro de mim.
Caia no chão, já agonizando, perplexo, traído.

Com minhas ultimas forças, olhava para ela parada na porta. Acho que ela chorava. Gosto de pensar que sim.

- E... Ainda depois disso... Eu te amo...

E eu morria. Rapidamente.

A morte era um caleidoscópio. Nele eu via muitas luzes reluzindo sobre um fundo negro, sem música, sem nada. Apenas luzes.

E surgia um letreiro tipo de aeroporto. Os mesmos que indicam quando um avião chega ou se atrasa.

Até hoje me dão calafrios

Não deixa de ser uma partida, pensava.

Algarismo após algarismo, o letreiro trazia uma data.

23 ago 2010.


E então eu acordava.

Com a dor da punhalada, mesmo sem estar ferido.
Com gosto de sangue na boca, mesmo sem estar sangrando.
Com o frio da lâmina dentro de mim, mesmo sem a lâmina.

Durante anos eu sonhei com isso. E sim, não lembro o que fiz nesse dia, mas lembro que fiquei com muito, mas MUITO medo.

Mas eu venci. Estou aqui. Junto com o 23. O número maldito.

Ele é cercado de mistérios. É o primeiro número primo formado por dois números primos que a soma dá outro número primo. O alfabeto latino português tem 23 letras. O latino atual tem 26, sendo que a 23ª é o W, uma letra com 2 pontas para baixo e 3 para cima.

2 dividido por 3 tem como resultado 0,666. Outro número famoso.

No cotidiano, o número está muito mais presente do que imaginamos. Afinal, nosso planeta gira num eixo de 23,5 graus. Lembrando que o 5 está lá apenas para lembrar o resultado de 2 + 3.

Caso goste de história, terá um prato cheio de coincidências. Shakespeare nasceu dia 23 de abril de 1556 e morreu 23 de abril de 1616. Julio Cesar foi esfaqueado 23 vezes em seu assassinato. A Ordem dos Templários tinha 23 grãos mestres.

E não dá para fugir, pois o número está dentro de nós. O sangue demora 23 segundos para percorrer o corpo, que é formado por 23 pares de cromossomos, 23 femininos e 23 masculinos. O ciclo biorritmo físico demora 23 dias. E aposto que você tem 23 vértebras. 

SOCORRO

Mas isso são as coisas normais, coincidências padrão que vieram por pacote nesse número maldito. E são poucas coisas, pois selecionei apenas as mais curiosas para vocês. Caso se interesse em mergulhar mais fundo nesse oceano de mistérios, aviso que é por sua conta e risco.

Comigo, a parada é diferente.

Tudo começou em 2004 ou 2005, não me lembro muito bem. Os anos passam, a vista fica mais turva, e as memorias, enevoadas.

Era aniversário de meu grande amigo Pedro, e viajamos junto com a família dele e mais dois amigos para um hotel fazenda em Itaipava. Lugar grande, lindo, muito bem arborizado.

E a maldição começou no café da manhã de algum desses dias tão excelentes.

- Olha Ehg, na sua camisa tem um número 23. O mesmo número do nosso quarto. – Disse Caio, nosso amigo esquilo.

Ignorei o comentário, pois todos sabiam que Michael Jordan sempre usara o número 23 em sua camisa. Era apenas uma coincidência com nosso quarto.

Mas elas não pararam por aí.

O número do telefone do hotel tinha o 23 no meio. A escada tinha 23 degraus. O hall tinha 23 poltronas. 23 extintores de incêndio? Não me lembro.

Mas as piores coincidências, obviamente pairaram sobre mim.

· Meu celular era 9315-2323.
· Minha irmã tinha 23 anos.
· A garota que eu namorava estudava na sala 23.
· Minha data de nascimento (12/10/1990) somando os algarismos dá o número 23.
· Meu primeiro namoro havia durado 23 dias. 

E isso tudo foi antes do filme.

Esse papel deveria ter sido MEU

E com o tempo, a maldição foi piorando.

· A vez que fiquei mais doente, com uma infecção por todo meu sistema respiratório, me fez perder 10 quilos em 13 dias.
· Meu primeiro afilhado chama-se Pedro Jorge por causa do São Jorge, cujo dia é 23 de abril.
· Meu pai faleceu dia 2/3/2011.
· No dia em que revi o filme sobre o número, viajei para Arraial do Cabo no ônibus das 9:23. Acabei de assistir o filme às 19:23. Terminei de jantar às 21:23.
· Há 2 métodos para enumerar as letras do alfabeto: o primeiro partindo de A = 0 e o outro partindo de A = 1. No primeiro, a soma das letras de meu nome todo dá 212. No segundo, 241.
21 + 2 ou 24 – 1 dá 23.

Onde está seu deus agora?

E há muitas outras coisas e ainda mais de onde isso veio. Mas se há algo que o 23 me ensinou é que ele age de maneira silenciosa.

Você não vai conseguir evitá-lo. Nunca. Por isso eu decidi parar de procurar. Pois ele vai me encontrar não importa o que eu faça.

E talvez já tenha te encontrado. Você apenas não percebeu ainda.

... Ou percebeu?
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