Oi gente.
Sabem quando a gente é bombardeado (péssima escolha de palavra, mas realmente não consegui pensar em outra) por notícias sobre algo e, por diversos motivos, não conseguimos ir além para pesquisar sobre o assunto e ter uma opinião mais embasada do que aquele amiguinho do Facebook que só compartilha coisas porque não consegue ficar calado?
Então. É pensando nisso que eu resolvi testar essa nova sessão aqui no blog. A QUERO SABER será predominantemente escrita por algum convidado meu que tenha embasamento sobre o assunto, e seu propósito será expressar uma opinião sobre o mesmo de maneira simples para dar uma luz geral sobre o tema.
O tema da semana não poderia ser outro: O conflito entre Israel e Palestina.
O autor convidado é meu amigo estudante de história, Jahi Cezar.
Não, não é pra ser engraçado. É pra tentar estimular um debate e provar que esse blog pode trazer cultura também ;)
Não, não é pra ser engraçado. É pra tentar estimular um debate e provar que esse blog pode trazer cultura também ;)
Há mais ou menos 70 anos atrás a guerra mais destrutiva da história da humanidade ocorreu. Milhões de vidas foram ceifadas e boa parte delas por causa de um estado ultra-conservador e nacionalista na Alemanha que estava disposto a dominar a Europa inteira e exterminar qualquer povo que considerasse inferior ou que se opusesse. Foi assim com as mais de 20 milhões de vidas russas e eslavas, 5 milhões de poloneses mortos na guerra e mais de 6 milhões de judeus que pereceram em campos de concentração. Este estado que chamamos de nazista foi derrotado, e quem mais sofreu com isso foi o povo alemão, que teve de correr do leste da Alemanha para fugir da vingança russa que se aproximava.
Mas o que isso tem a ver com a Palestina e Israel? É o que provavelmente se perguntaram... Bom, eu vejo uma situação diferente, interesses de atores diferentes daqueles da II Guerra, um lugar totalmente diferente e alguns povos diferentes. Mas eu também vejo algumas semelhanças. Vejo um estado poderoso (com armas nucleares e que inclusive utiliza alguma delas à base de urânio empobrecido); vejo um estado que há décadas se expande, mas tem um povo em seu caminho; vejo esse povo em seu caminho sofrer, cair aos milhares e se olharmos a história desde a criação deste estado, provavelmente caiu aos milhões; vejo além desse povo, um outro povo que vive sob a "proteção" deste estado e que apesar de não cair aos milhões também tem vidas ceifadas e sofre com as consequências das políticas genocidas de seus governantes. Você já deve ter percebido que me refiro ao povo palestino, ao povo israelense e ao estado de Israel.
O estado de Israel foi criado pela ONU um pouco após a II Guerra Mundial, em uma preocupação com o destino dos judeus, que foram tão perseguidos durante a guerra. Mas é ingênuo pensar que só essa preocupação moveu os países ocidentais a criar tal estado. Hoje em dia o que podemos ver é um estado violento e poderoso, aliado aos EUA e protegido por este, no Oriente Médio, uma área que vem tendo a décadas grande interesse político e econômico dos EUA.
O plano da ONU para a ocupação era esse
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O que aconteceu foi mais ou menos isso aqui, ó
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Agora vamos falar do povo palestino atualmente (a área em verde sendo engolida pela área branca que corresponde a Israel). Vemos através do mapa que atualmente vivem em regiões muito restritas, algumas delas são muradas por Israel, gerando verdadeiros guetos (acho que o exército Alemão fazia algo parecido com os judeus na II Guerra, como em uma cidadezinha aí chamada Varsóvia).
Pesquisando nas internet da vida pra entender como está rolando esta expansão (não sou nenhum acadêmico sobre o assunto, mas fiz o que pude) eu vou dizer o que vi a respeito do povo palestino que você não vai achar em nenhum canal de mídia ocidental e que sinceramente recomendo não procurar. Do mais "leve" pro mais "pesado": vi cenas muito parecidas com as da nossa PM aqui do Rio de Janeiro, quando o Exército Israelense faz remoções, com prisões arbitrárias, violência gratuita contra civis, gritos de desespero de mulheres palestinas sendo agredidas ou vendo seus parentes sofrerem agressões, vi vídeos de bombardeios terríveis (Israel é um estado poderoso, repito) em áreas urbanas, civis, com prédios desabando, palestinos procurando desesperados por familiares embaixo dos escombros e o desespero generalizado quando se escuta o barulho de um avião a jato passar por sobre suas cabeças; e o pior que vi foram fotos de corpos de crianças, muitas crianças palestinas, muitas mesmo, todas com tiros no peito e na cabeça, o que impossibilita a afirmação de que são balas perdidas. A conclusão que tirei é simples: o estado de Israel está levando à frente um projeto de extermínio, de genocídio contra os palestinos.
É ingênuo esperar que isso não acarrete numa reação violenta, é óbvio que se alguém vive sendo bombardeado, perdendo seus entes queridos, sendo preso e removido de onde mora, vai querer justiça, e quando se vir impossibilitado de ter a justiça, vai querer vingança. É a partir daí que grupos radicais, como o atual Hamas, têm respaldo para chegar ao poder e conseguir adeptos. O Hamas não tem armas para destruir Israel, não tem força nem poder pra isso atualmente, a única coisa que tem são partidários, apoio de partes desesperadas da população palestina, ódio e vontade, muita vontade de riscar Israel do mapa (tanto quanto Israel quer riscar a Palestina).
É impossível falar em "guerra" neste conflito, porque está muito mais para massacre. O Hamas não consegue ter um mínimo avanço real, a única coisa que faz é lançar foguetes de tecnologia inferior, que não oferecem perigo nenhum para o exército de Israel, mas que se não forem interceptados e caírem em áreas civis (e eles caem), acabam matando israelenses, sem trazer benefícios à população palestina, apenas se unindo como vítimas de uma situação que só parece piorar.
Essa reação violenta por parte de determinados grupos palestinos, por sua vez, dá respaldo para Israel continuar bombardeando e se expandindo. Mais uma vez eu vou comparar com o nazismo. Era normal quando algum grupo resistente em áreas ocupadas pelo exército alemão matasse um soldado deste, que a represália viesse através da morte de 10 vezes mais pessoas do povo que corresponde ao que matou tal soldado. Isso ocorreu na Iugoslávia quando mataram 26 soldados alemães e os alemães se vingaram matando 260 homens, velhos e crianças de uma aldeia. Foram, se eu não me engano, três israelenses que morreram recentemente (não contabilizei ainda o soldado que morreu ontem) e a resposta a essas mortes através de bombardeio já gerou quase 300 mortes... Estamos vendo o estado israelense dar uma lavada nos nazistas.
Vejo mais ainda, vejo um ciclo infinito de violência que vem ocorrendo há décadas e não dá o mínimo sinal de parar.
Quem será que ganha com isso além do estado de Israel, claro, que pega as áreas mais ricas e férteis da Palestina pra si? Eu me pergunto que interesses políticos e econômicos os EUA e suas empresas têm pra continuar apoiando Israel. O fato é que o povo israelense não ganha nada com isso e definitivamente o povo palestino também não.
Até quando? Outra pergunta boa, mas essa não dá pra responder, só podemos especular. E eu vou concluir esse texto com uma especulação e uma comparação. Eu não acho que hegemonias são eternas, Império Romano, Império Mongol, Império Português, Império Britânico, III Reich, entre muitos outros, souberam muito bem disso. Por isso não acho que a hegemonia dos EUA será pra sempre e Israel perderá seu apoio um dia. Se isso acontecer, vejo um estado cercado de inimigos árabes e com um povo louco pra se ver livre dentro de suas fronteiras. O resultado disso pode ser outra guerra sangrenta e o povo israelense sofrendo como o povo alemão sofreu com a vingança russa na II Guerra, por causa de barbaridades cometidas por seus governantes.
Mas talvez não. Quem sabe o próprio povo israelense se dá conta do que seus governos estão fazendo ano após ano e a partir de dentro comecem a mudar tal cenário. Vivemos em tempos diferentes daqueles da II Guerra, as notícias correm mais rápido, quase que instantaneamente. Mesmo que a mídia ocidental (a nossa inclusive) seja completamente tendenciosa e conservadora, eu mesmo pude conferir os absurdos que citei aqui ao pesquisar na internet e com toda certeza os povos envolvidos tem chances de saber melhor do que eu o que está acontecendo. Como uma esperança de que isso aconteça eu deixo essa notícia de jovens israelenses que podem iniciar uma mudança. Afinal, não faz mal ser otimista.
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Em tempo: Para quem se interessar e quiser ler mais sobre o tema, o amigo Nihil escreveu esse excelente texto no site dele. Apesar do site ser bem grotesco (sério, não abram no trabalho), vale muito a pena dar uma olhada!
7 comentários
Write comentáriosA intenção é criar um debate, então COMENTEM.
ReplyNenhuma violência é justificada, mas como todo conflito existem os dois lados dessa história. Só pra constar, não tô tomando partes nem discordando do que foi dito, só vou comentar aqui o que eu li de acordo com o ponto de vista Israelita.
ReplyGrande parte do povo palestino e parte dos israelenses que nada tem a ver com o isso sofrem, principalmente os palestinos da faixa de Gaza, e isso que é foda, mas o que teria gerado e continua alimentando o conflito é a intolerância do próprio povo palestino (grupos terroristas e/ou políticos) para com Israel.
Desde que a ONU dividiu a palestina pra implantar o estado judeu, nenhum árabe, seja palestino ou vizinho, aceitou a divisão e desde o início (literalmente) retaliaram Israel com força bruta (tiro, porrada e bomba) e no que Israel reagiu, foi tomando territórios pra si com o intuito de controlar os ataques que estava recebendo de todos os lados.
Com os egípcios eles teriam conseguido um acordo de paz devolvendo um puta território que tinham tomado deles, e no que tentou fazer o mesmo com os palestinos, com a intenção de devolver todo o território tomado (segundo o que li), tiveram homens-bomba em várias partes de Israel como resposta (isso aconteceu em 2000, parece).
Então pelo o que eu vi, olhando só pra esse lado da história, o Hamas não seria um grupo de rebeldes que estaria lutando pelos direitos de suas terras e sim um grupo terrorista de um povo intolerante, que está sofrendo pela sua intolerância, porque depois de cada ataque terrorista vem uma retaliação.
Os mesmos já enviaram um anúncio pros israelenses dizendo que "Nós amamos a morte da mesma forma que vocês amam a vida", e deixam claro a intenção da extinção do estado de Israel por meio da força. Então o que será que aconteceria se Israel dissesse: "Aew, a gente não vai mais retaliar o ataque de vocês. Paramos, blz? Vamos tirar o cerco aqui e vocês andam por onde quiserem" ... Provavelmente Israel, junto de grande parte do seu povo, seria dizimada e aí sim o conflito acabaria.
Enfim, como eu disse isso foi o que eu vi/li/entendi olhando o ponto de vista dos Israelitas, e não sei até onde interesses políticos de outros países estão ligados à isso tudo e/ou fomentam o conflito.
O texto do Nihil que foi citado faz a mediação perfeita dos dois pontos de vista, esclarecendo perfeitamente o conflito e mostrando como essa guerra dificilmente terá fim, e como as duas partes estão erradas.
Achei bem bacana o texto. A mídia internacional vem criando uma imagem completamente deturpada do assunto e ignorando solenemente o massacre ao povo da Palestina.
ReplySó senti falta de uma coisa: a questão religiosa.
O que faz com que - como no comentário abaixo foi citado - os árabes sejam vistos sempre como terroristas intolerantes e os judeus um povo sofredor e pleno de direitos. Quando na verdade, não é uma coisa nem outra.
Israel não tem nenhum direito de quebrar todos os direitos. É um massacre. A cada dez mortos, três são crianças.
Mas acho interessante sempre fazer esse contraponto. Será que Palestina, se tivesse o mesmo poderio militar e político que Israel, faria diferente? Será que eles seriam mais racionais e respeitariam o outro território? Seriam mais tolerantes nas questões religiosas envolvidas?
Fato é que os EUA estão envolvidos, de novo massacrando uma população, para implantar seus interesses em um território importante para eles economica e politicamente. Triste.
"o que teria gerado e continua alimentando o conflito é a intolerância do próprio povo palestino". Há muito tempo que a violência do Estado de Israel supera em muito qualquer "intolerância palestina" (se é que é possível tolerar uma organização, exército ou estado tomando tudo de você). Eu analisei fatos e realmente não tenho a mínima intenção de olhar o lado do opressor, até porque o estado de Israel não precisa e nem quer que ninguém compreenda o que ele faz, quem está precisando desesperadamente de ter seu lado entendido no momento são os palestinos. E sendo bem sincero, algo que já é aceito entre qualquer estudioso das ciências humanas é que ser imparcial é impossível, em algum ponto do discurso as pessoas demonstram para qual lado "pendem", por isso mesmo assumo que olhei pela perspectiva do lado palestino. Quanto à violência dos árabes com os judeus, isso é histórico de fato, você fez bem em lembrar. Antes de o estado de Israel existir já havia conflitos naquela área, mas não foi o tema abordado, até porque falo da questão Estado de Israel x Palestina e o que vemos hoje não é uma guerra ou um conflito, é um massacre sem precedentes naquele território.
ReplyDe fato faltou, mas é um tema muito extenso pra eu abarcar em sua totalidade. Não entrei na questão econômica a fundo também. A minha proposta era apenas brevemente analisar a situação na ótica da opressão. Talvez um outro texto sobre isso fosse uma boa, mas nem me candidato a escrever porque religião é mais complicado hahaha. Quanto a esses "se" e "será", não temos como saber, é provável que também houvesse uma opressão, mas repito o que falei abaixo, analisei fatos.
ReplyOi Jahi! Eu sei, abarcar tudo não dá. E também na verdade acho que é muito mais uma questão política e econômica do que religiosa mesmo - a religião funcionaria até como justificativa para tal.
ReplyO texto está muito bom! Eu curti! Acho que você falou uma parte essencial muitas vezes esquecida pela grande mídia: a origem de tudo isso.
E os "se" e "será" foram mais pro comentário do outro menino... No fundo, isso não muda nada e continua sendo um genocídio, ao meu ver.
Como eu falei não discordo de nada do que foi dito no seu texto, inegavelmente o poder bélico de Israel está massacrando os palestinos, em níveis extremos, e isso tá longe de ser o correto. Mas exatamente como você disse agora, todo ele foi feito olhando a perspectiva do lado palestino, que é o povo que mais está sofrendo com essa guerra ("praticamente" só eles, então acredito que nenhuma palavra dita tenha sido exagero). Porém, como o intuito do post é o debate, achei justo mostrar opiniões do lado oposto. Grande parte das minhas palavras, assim como as que você citou, foram tiradas literalmente do ponto de vista Israelense, com explicações do conflito dadas por membros de uma comunidade brasileira deles. A intolerância, desde a implantação do Estado, por parte dos Árabes, segundo essas opiniões, seriam o princípio do conflito (e é, de fato), então pode não ser exatamente o tema abordado, mas achei pertinente colocar em pauta. Não estou tentando compreender os atos de Israel, nem sou um estudioso das ciências humanas, então simplesmente fomentei o debate. Pra mim, como já disse, independentemente de quem esteja sendo massacrado no momento e quem seja o opressor, todos possuem sua parcela de culpa, porém, novamente, nenhuma violência é justificada.
ReplyComente sem anarquizar, por favor. Aqui não é casa da mãe Joana. EmoticonEmoticon